Em uma campanha publicitária veiculada há alguns anos em todos os canais de televisão nacionais, uma certa empresa de produtos alimentícios propagou a afirmativa de que o Brasil é a terra do S, em alusão à letra com a qual se inicia o nome da referida empresa, que, por razões óbvias, não será revelado neste texto.

 
Porém, creio que em anos como esse 2.006, faz-se necessário realizar algumas adaptações a este enunciado dizendo que o Brasil é a terra do C.

 
2.006 é um ano propício para que o C da corrupção reine absoluto na nação da impunidade. Isso se fará com o auxílio de outros três C.

 
O primeiro deles é o C do carnaval, pois, quando chega fevereiro, a inércia mental invade o brasileiro que ante a visão dos corpos seminus dos homens saradões, e das mulheres de biquíni a desfilar nas passarelas um talento que não têm, ao som do samba, do axé e do frevo e sob efeito de drogas e bebidas alcoólicas, festeja alegre sem sequer saber o que está celebrando, enquanto seus representantes roubam-lhe o dinheiro, condenando-o à fome e à pobreza absoluta.

 
O segundo C é o da copa do mundo, pois, em tempo de copa é assim. O povo só pensa no famigerado futebol, todo mundo sai às ruas para torcer pela seleção canarinho, ninguém trabalha, ninguém estuda, ninguém pensa em nada a não ser no hexa e diante disso, quem é que vai ligar para a infinidade de problemas por que passa a pátria dos mensalões, mensalinhos, caixa dois, propinas e afins? Quem vai enterrar os mortos pela guerra civil não-declarada brasileira?

 
Quem vai consolar os mortos desta mesma guerra?

 
Quem vai socorrer as vítimas do caos em que se encontra a saúde pública do país em que se chega  a acusar os nordestinos residentes na cidade do Rio de Janeiro pelo avanço da dengue na Cidade Maravilhosa?

 
Ninguém, já que, para o brasileiro alienado e ignorante, é mais importante saber se o Brasil um dia será hexa campeão mundial. O terceiro C é o das campanhas políticas de ano eleitoral em que, em suma vê-se o seguinte quadro: Políticos já com muitos anos de janela, cujo envolvimento em casos de corrupção é irrefutável, vão à TV, acompanhados e amparados por uma legião de cantores e artistas de televisão mercenários e marqueteiros políticos de honestidade duvidosa ou inexestente, do tipo Duda Mendonça, descarregam um caminhão de promessas que evidentemente não serão cumpridas e iludem a massa cuja memória é mais curta do que o tempo do quase sempre presidenciável Enéias  carneiro, no horário eleitoral gratuito. E aí, tudo fica exatamente como sempre esteve, Dirceus, Sarneis, Barbalhos, Arrudas, Malufes, Quércias,  A.C.Ms., entre outros, continuam firmes e fortes no cenário político do paraíso dos corruptos, onde até quem mata friamente os próprios pais , comete seqüestros e estupra crianças fica livre da cadeia rápida e facilmente quando tem um pouco mais de dinheiro em relação a uns noventa por cento da população brasileira. Eis o C da conivência a imperar na "justiça" brasiles.

 
Espero que algum dia esta triste realidade mude e possamos viver na terra do C da consciência da cidadania e da cooperação.

 
Hélio Baragatti Neto