Ademar Andrade

Respiro fundo e adentro o portão e encontro-o tal qual, sempre de braços abertos e o sorriso franco

Entre uma paisagem  e outra, atravesso o ano, às ruas, e avisto ao longe, a quaresmeira florida, à porta de nosso amigo e jornalista Sáder Calil; respiro fundo e adentro o portão e encontro-o tal qual, sempre de braços abertos e o sorriso franco, lhe entrego junto ao abraço, essas lembranças.Hoje, aos treze dias do mês de setembro do ano de 2006, estou aqui na União Brasileira de Escritores, seção de Goiás, e entre um olhar estranho e outro amigo, em trabalho de divulgação ao evento de lançamento do Projeto de Literatura Infanto Juvenil O Circo do Livro... Após, atender uma ligação telefônica (de dona Umbelina), que com a voz embargada, dizia: "Ivone, minha filha, o Ademar foi embora, nos deixou..."Busco o olhar sempre solidário do escritor Bira Galli, e sigo lembrando a minha "aldeiazinha", Inhumas, onde o pensamento se debruça com todo sentimento saudosista e bairrista que me é particular."Hei, Ademar! Capricha na foto, como o faz nas fotografias que tira de dona Umbelina..." E foi só risos e fleschs da câmara fotográfica a registrar o grande momento histórico de fundação e posse da diretoria do Instituto Histórico e Geográfico de Inhumas IHGI)), realizado na prédio da Câmara Municipal de Inhumas, ainda em dois mil e seis. O tempo tá voando... É, verdade; e tantos projetos e a correria do dia-a-dia na capital ou em qualquer outro lugar.  Sempre às vésperas de visitar um amigo, de trocar uma idéia com outros que conhecemos aqui e ali, e no entanto, mal conseguimos administrar as horas, no sentido do encontro para a amizade e para o amor. O Ademar era a pessoa mais presente que conheci. Ele se fez presença em todos os lugares e até naqueles, que não se previa... Êpa, calma, Neuza! Explico: é que eu nunca fui uma pessoa de normas e religião e, certa feita, cumprindo uma das vontades familiares, na tentativa de me mostrarem seus sentimentos de amor e preocupação espiritual, para amigos, estive em em um encontro evangelístico. Foi realizado por um grupo da Igreja Católica. Este, no final de três dias de choro e ranger de dentes, no sentido real da palavra, me colocou diante de todos os pecados do mundo além dos meus. Eis que, se não quando, somos convocadas para tirar a fotografia, para posteridade, já não bastasse minha neura, por não gostar de ser fotografada...Ah, que alívio que é você, Ademar! Ele sorrindo já conhecedor de minha neurose, disse: "É, ainda bem que sou eu, já pensou, quando você for famosa? Vou ganhar uma nota, com as fotos que só eu tenho de você, poeta. E aí? conta-me, deve ter escrito muito por aqui, neste recanto de silêncio e paz". Eu, incrédula, respondi: que nada, criatura, acho mesmo é que a poesia me abandonou, olho pedra e vejo pedra mesmo. E pronto, dado mais um flesch.Esse texto é para lembrar você, Ademar Andrade lembrança alegre de vida.Ivone de Oliveira SilvaAlcai

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