A SECULT sob suspeita?

Caros amigos e amantes da arte, dizer que o Brasil está mudando é uma redundante realidade, mas que não posso deixar de repetir e de sentir uma fleuma renovada de entusiasmo nas minhas madrugadas reflexivas; e sinto que tem algo de positivo movendo nas entranhas do povo Brasileiro, na “alma macunaímica” que quase deixou esta grande nação deitada eternamente em berço esplêndido como se não fosse possível reagir contra a preguiça, a malícia, a esperteza e o tirar vantagens à custa de um contingente de incautos e desesperançados habitantes deste eterno “país do futuro”. Eu não me canso de repetir que sou um incorrigível otimista a despeito de minha alienação e desinformação da realidade cotidiana; sou um outsider que trabalha com arte por puro prazer pertinaz há três décadas sem nunca esperar grandes coisas em troca, tautológico e renitente  pinto por prazer pessoal e esqueci de procurar pecúnio, no entanto, se ele me bate á porta com altruísmo, clareza de conceito e acima de tudo honestidade deixo-o entrar, afinal não vivi no vácuo e tenho dois filhos pequenos que são os bebês mais sedutores de minha atenção e amor. Já faz tempo que aboli a TV de meu estúdio casa e só leio jornais quando suas manchetes já se tornaram efemérides, o que contribui para aprofundar ainda mais minha ignorância atávica. Mas, já estou sabendo que o secretário de cultura da cidade de Goiânia acaba de pedir demissão do cargo que ocupava na SECULT sob acusação de apropriação indevida de dinheiro destinado aos artistas e está sendo apontado como “chefe de quadrilha” da cultura da capital; Que amarga surpresa para a classe artística da cidade; um homem de olhar lépido e andar ágil em meio aos artistas, discurso fácil e silhueta de intelectual não deveria estar sendo acusado de surrupiar o seu, o meu dinheiro, o escasso recurso da classe artística que sempre sonhou em fazer de nossa província, destas plagas de sertão Goiano em um lugar de respeito e visibilidade cultural. Se de fato isto for provado, que se punam os envolvidos e que se revelem toda a corja que chafurda no esquema, e  que possamos ver quem  são os inimigos da arte local; quem são os “gafanhotos” que comem nosso dinheiro, que querem  tirar o futuro de nossos filhos; sim, porque assim como eu, tem muitos colegas que trabalham e tem responsabilidades sociais e familiares ..., nada mais pode ficar oculto nos cânones da administração de nossa cultura sob pena de afetar as inspirações de nossa classe artística, que mesmo dispersos, dissimulados e até matreiros quando se tratam de interesses da classe, não merecemos ter dirigentes que formam sectos corporativos e desonestos; não podemos nos deixar ser “vampirizados” por castas que se pretendem eternizar no poder corroendo nossas almas até o esqueleto. Que a policia não canse de investigar as entranhas da arte em Goiás, nos tempos contemporâneos que vivemos tem muito dinheiro envolvido no jogo da cultura e tem muitos artistas que estão ficando milionário sem vender quadros ou qualquer outro produto de sua produção artística, apenas se beneficiando das “facilidades” das leis de incentivos da cultura, construindo seus mitos desligados da verdadeira arte. Estes artistas e promotores culturais que vampirizam o sistema deveriam olhar no espelho com um brilho opaco de preocupações em suas retinas, dormir menos e arranjar um trabalho honesto antes que suas vacas vão para o brejo.A propósito o COWPARADE está reluzente nas ruas de Goiânia, mas aí é uma outra história; enquanto a arte reluz nas ruas os artistas “pastam” no cocho dos espertalhões que consomem altas cifras pecuniárias.Nonatto Coelho  coelhononato@yahoo.com.brnonattocoelho.arte@gmail.com