Polícia liberta fazendeiro e mata sequestradores em Goiás

Pecuarista da cidade de Caturaí  foi sequestrado e econtrado numa mata fechada, sob uma armação de galhos e folhas secas, acorrentado a uma árvore, em uma fazenda em Avelinópolis.

Nem as mãos calejadas de tirar leite das poucas vacas que mantém no pasto não livraram o pecuarista Evaristo Alves Meireles Filho, de 54 anos, da ação de sequestradores. Arrebatado de sua casa no início da noite de terça-feira, na Fazenda Bom Retiro, município de Caturaí, a 50 km de Goiânia, ele foi localizado às 7 horas deste sábado (22.08.2010) numa mata fechada, sob uma armação de galhos e folhas secas, acorrentado a uma árvore, em uma fazenda em Avelinópolis. Os dois acusados de sequestrá-lo, Pedro Henrique e Eduardo, ambos com pouco mais de 20 anos, foram mortos por policiais do Grupo Antissequestro da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic).

O fazendeiro estava em casa com a mulher, Marli Magalhães Meireles, de 52, quando entraram dois homens usandocapuz preto - um deles bordado de rosa no contorno dos olhos, boca e nariz - luvas e sacos amarrados nos pés. Eles empurraram o casal para o sofá e anunciaram o sequestro. Se a família não conseguisse R$ 100 mil em 15 dias, a orelha de Evaristo seria arrancada. Um vizinho que chegou no meio da ação ficou amarrado no banheiro com Marli. Com a cabeça tapada por uma camiseta, capuz e capacete, Evaristo foi levado numa moto, no meio dos dois sequestradores.

Até chegar ao cativeiro, eles circularam por 42 km, entre asfalto e estrada de terra. Evaristo ficou dois dias acorrentado pelo pescoço a uma árvore, trancado por cadeado.

- Fiquei de cócoras, sem virar a cabeça - conta.

O cativeiro, armado no meio de duas árvores, tinha cerca de 0,70 metro de altura por 1,20 de largura. Por duas noites e três dias, ele comeu bolachas, bebeu água e sentiu frio.

O fazendeiro Evaristo Alves Meireles Filho foi muito torturado psicologicamente. Recebeu tapas no rosto e por quatro vezes teve o revólver apontado para sua cabeça e disparado em seguida. Cego de um olho, os sequestradores diziam que ele ficaria sem o outro.

- Eu fechava os olhos e sentia o quente da bala passando do meu lado - contou. Evaristo não acreditava que sairia vivo, a não ser pela força de Deus ou pela inteligência da polícia.

Segundo o chefe do Grupo Antissequestro da Delegacia Estadual de Investigações Criminais, delegado Douglas Pedrosa, o fato de a família ter comunicado o sequestro rapidamente foi fundamental. Um membro foi escolhido para negociar, mas o local do cativeiro não ajudava porque as ligações de celulares não completavam.

- Gravamos apenas uma vez e percebemos que a pessoa estava sob o efeito de drogas e bebidas alcoólicas - lembra.

Sem conseguir rastrear o telefone, pesou a experiência.

- Como em 70% dos casos os sequestradores são da família ou ex-funcionários, fizemos uma lista e começamos a monitorar -

Pedro Henrique foi o primeiro suspeito por ser fugitivo da polícia do Pará, onde tinha praticado uma série de crimes, entre eles dois homicídios.

O rapaz tinha trabalhado com João Lourenço, pai de um genro de Evaristo e já conhecia o fazendeiro. Nos últimos tempos era caseiro da Fazenda Carijó, a 15 km de Avelinópolis, onde montou o cativeiro.

Há quase dois anos, Evaristo Meireles sofreu um sequestro relâmpago em Trindade. Ele foi abordado por dois homens que pediam informações. Dominado, por uma hora circulou com eles até que foi obrigado a assinar cheques e sacar valores do caixa eletrônico que chegaram a R$ 6 mil.

- Por causa dessas coisas, ele quer ir embora daqui - revela a mulher Marli.

A família, que é paulista de Morro Agudo, região de Ribeirão Preto, produz leite em Caturaí há 22 anos. Até o desfecho do sequestro a polícia pouco sabia dos antecedentes dos acusados. Quando os policiais cercaram a mata e foi recebida à bala, eles acabaram mortos, mas não portavam documentos. Pedro Henrique era um trabalhador acima de qualquer suspeita.

- Nunca imaginei uma coisa dessas - revela o fazendeiro vizinho Joaquim Vieira.

Cansado e tenso, Evaristo só esboçou um sorriso ao prometer um churrasco para os policiais, mesmo que fosse de sua "melhor vaca".

Goiasnet

MAIS NOTÍCIAS SOBRE INHUMAS E REGIÃO
CDL Saúde: acesse o catálogo de 2020 do CDL Inhumas
Inhumas vai ter caixa eletrônico do Banco24Horas
Decreto autoriza a reabertura dos comércios em Inhumas
Governo de Goiás lança novo decreto com novas regras para o comércio e outras atividades