Preocupado com os desdobramentos da crise política na base aliada, o presidente da Associação Goiana dos Municípios (AGM) e prefeito de Inhumas, Abelardo Vaz (PP), criticou a postura da cúpula do PP, incluindo o presidente do partido, secretário de Infraestrutura, Sérgio Caiado. Ele afirma que o posicionamento de Caiado frente ao estremecimento na relação com o PSDB não simboliza os interesses de toda a legenda e difere do pensamento da maioria.

“Este está sendo um erro muito grande por parte do PP, que não tem consultado as bases do interior. Falam como se fosse o consenso, enquanto são apenas duas ou três pessoas que discutem isso, que antecipam o debate sem nos consultar”, afirmou o prefeito, ontem pela manhã, ao participar da assinatura de uma ordem de serviço para obras de R$ 23 milhões na Universidade Estadual de Goiás (UEG). O evento ocorreu no Palácio Pedro Ludovico Teixeira.

O prefeito não esconde a preocupação e apreensão frente aos episódios envolvendo o deputado federal Carlos Alberto Leréia (PSDB) e políticos do governo. A tendência, na sua opinião, é de que a situação piore caso nada seja feito para deter a crise da base.

“Eu nem acho que são governador e senador que devem sentar e falar. Uma hora vai acontecer. O próprio PP, o próprio presidente do partido poderiam emitir uma opinião sobre isso e evitar mais atritos. Não podemos deixar que a situação se alastre.”

A insatisfação de prefeitos pepistas, explica Abelardo, teria sido provocada por articulações dos dirigentes do partido para construir uma possível candidatura do presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, ao governo de Goiás em 2010. Especula-se que o presidente do BC vá se filiar ao PP até setembro deste ano – prazo limite estabelecido pela legislação eleitoral. Os prefeitos estariam ficando à margem das decisões da sigla. “O que ficamos sabendo é pela imprensa, no dia seguinte. Ninguém tem chegado à base do interior de Goiás e consultado sua opinião.”

Enquanto na Capital o secretário-geral do partido, Sérgio Lucas, propaga que a “primeira e única estratégia do PP é lançar Meirelles ao governo”, no interior prefeitos da base ainda nutrem boa relação com o PSDB, e, na contramão da cúpula pepista, insistem em parceria com tucanos para o próximo pleito e rejeitam aproximação com PT e PMDB, ventilada após evidência de racha na base.

No último fim de semana, o próprio Abelardo, juntamente com outros dois prefeitos do PP – Divan Rezende (Uruana) e Joseile Farias de Mendonça (Brazabrantes) –, realizou homenagem ao senador Marconi Perillo (PSDB), em Uruana, com a Comenda Dr. José De Morais Freitas (nome do pai do prefeito anfitrião). Na ocasião, os três prefeitos reforçaram que Marconi é o nome que “une” a base aliada para 2010, por ser um “candidato natural”. Foi a segunda vez que Abelardo apareceu ao lado do senador. Além de Alcides, Marconi foi um dos principais interlocutores na eleição do pepista para a presidência da AGM.