Publicado em 07/03/2007 08:17

Ademar Andrade

Respiro fundo e adentro o portão e encontro-o tal qual, sempre de braços abertos e o sorriso franco

Entre uma paisagem  e outra, atravesso o ano, às ruas, e avisto ao longe, a quaresmeira florida, à porta de nosso amigo e jornalista Sáder Calil; respiro fundo e adentro o portão e encontro-o tal qual, sempre de braços abertos e o sorriso franco, lhe entrego junto ao abraço, essas lembranças.

Hoje, aos treze dias do mês de setembro do ano de 2006, estou aqui na União Brasileira de Escritores, seção de Goiás, e entre um olhar estranho e outro amigo, em trabalho de divulgação ao evento de lançamento do Projeto de Literatura Infanto Juvenil O Circo do Livro... Após, atender uma ligação telefônica (de dona Umbelina), que com a voz embargada, dizia: "Ivone, minha filha, o Ademar foi embora, nos deixou..."

Busco o olhar sempre solidário do escritor Bira Galli, e sigo lembrando a minha "aldeiazinha", Inhumas, onde o pensamento se debruça com todo sentimento saudosista e bairrista que me é particular.

"Hei, Ademar! Capricha na foto, como o faz nas fotografias que tira de dona Umbelina..." E foi só risos e fleschs da câmara fotográfica a registrar o grande momento histórico de fundação e posse da diretoria do Instituto Histórico e Geográfico de Inhumas IHGI)), realizado na prédio da Câmara Municipal de Inhumas, ainda em dois mil e seis. O tempo tá voando... É, verdade; e tantos projetos e a correria do dia-a-dia na capital ou em qualquer outro lugar.  Sempre às vésperas de visitar um amigo, de trocar uma idéia com outros que conhecemos aqui e ali, e no entanto, mal conseguimos administrar as horas, no sentido do encontro para a amizade e para o amor. O Ademar era a pessoa mais presente que conheci. Ele se fez presença em todos os lugares e até naqueles, que não se previa... Êpa, calma, Neuza! Explico: é que eu nunca fui uma pessoa de normas e religião e, certa feita, cumprindo uma das vontades familiares, na tentativa de me mostrarem seus sentimentos de amor e preocupação espiritual, para amigos, estive em em um encontro evangelístico. Foi realizado por um grupo da Igreja Católica. Este, no final de três dias de choro e ranger de dentes, no sentido real da palavra, me colocou diante de todos os pecados do mundo além dos meus. Eis que, se não quando, somos convocadas para tirar a fotografia, para posteridade, já não bastasse minha neura, por não gostar de ser fotografada...

Ah, que alívio que é você, Ademar! Ele sorrindo já conhecedor de minha neurose, disse: "É, ainda bem que sou eu, já pensou, quando você for famosa? Vou ganhar uma nota, com as fotos que só eu tenho de você, poeta. E aí? conta-me, deve ter escrito muito por aqui, neste recanto de silêncio e paz". Eu, incrédula, respondi: que nada, criatura, acho mesmo é que a poesia me abandonou, olho pedra e vejo pedra mesmo. E pronto, dado mais um flesch.

Esse texto é para lembrar você, Ademar Andrade lembrança alegre de vida.

Ivone de Oliveira Silva
Alcai

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