Publicado em 18/06/2009 09:52

Caminhão abre cratera na cidade de Goiás

Veículo passava pela Avenida Beira rio quando abriu buraco de 4 metros de diâmetro

A população da cidade de Goiás sofreu um baque ontem, em plena realização do 11º Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica). Um caminhão basculante carregado de 27 toneladas de areia de calcário causou um dano ao patrimônio histórico da humanidade. Por volta das 14 horas, o veículo afundou na pista da Avenida Beira Rio, em frente à prefeitura, na Praça da Bandeira. A galeria por onde passa o Córrego Manuel Gomes, feita em madeira aroeira, não suportou o peso excessivo e cedeu, levando junto o calçamento de bloquetes.

A traseira do caminhão ficou dentro da cratera aberta no calçamento que, segundo estimativa da prefeitura, tem cerca de 4 metros de diâmetro. Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) foram chamados. Foi necessário passar a areia para a carroceria de outros caminhões e também usar um guindaste especial.

A área onde aconteceu o acidente foi uma das atingidas pela enchente do Rio Vermelho de 31 de dezembro de 2001, que causou grande prejuízo à cidade. A cheia aconteceu 17 dias depois de a cidade ter recebido o título de Patimônio da Humanidade pela Unesco, órgão das Nações Unidas para a educação, ciência e cultura.

A secretária de Cultura, Turismo e Trânsito de Goiás, Mara Públio de Souza Veiga Jardim, diz que é proibida a circulação de veículos no local. “A área é de extrema delicadeza. Algumas coisas são incompatíveis com a cidade”, avaliou. “O motorista não obedeceu a uma norma da cidade”, acrescentou.

A superintendente do Iphan em Goiás, Salma Saddi, concorda com a necessidade de proibir o tráfego de veículos pesados no local. “É preciso que se faça um estudo para saber que tipo de carro pode entrar”, sugere Salma, observando que muitos trechos do centro histórico são fechados com correntes. “Nesse caso, a galeria, que já estava comprometida, cedeu. Está claro que um caminhão desses não poderia entrar na cidade.”
O caminhão carregado de areia de calcário seguia pela Avenida Beira Rio quando a pista cedeu, próximo ao local onde o Córrego Manuel Gomes deságua no Rio Vermelho. De acordo com a secretária de Trânsito da cidade, ao fazer a curva o motorista subiu na calçada, arrancando um lampião com fiação embutida que ficava na esquina. “Houve infração de trânsito e o boletim de ocorrência foi registrado”, contou Mara.

Salma Saddi conta que os pranchões de algumas das galerias subterrâneas antigas, feitas em madeira, já foram substituídos por outros, de um tipo de concreto especial, pela prefeitura em conjunto com o Iphan. A galeria do Córrego Manuel Gomes foi reformada nos anos 70, mas a estrutura antiga foi substituída por outra, também em madeira de lei. Salma revelou que o prefeito Márcio Ramos Caiado já havia procurado o Iphan para refazer o calçamento de ruas históricas e adequar as galerias, dentro do plano de ação da cultura. Os convênios entre as prefeituras de cidades históricas e o Iphan será assinado no próximo dia 22.

Para a superintendente, o acidente de ontem tem uma dimensão maior. “A cidade de Goiás tem nos dado muitos sinais. A enchente foi um deles. Temos várias ruas com galerias semelhantes a essa. Como estão elas?”, indaga. O Iphan deve fazer novas prospecções para conhecer a situação das demais galerias da cidade.

Fonte: O Popular

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