Publicado em 20/04/2006 14:37

ExVice-governador comenta...

Crônica do ex-vice-governador José Luiz Bittencourt, intitulada  EM INHUMAS:  CASA  GETÚLIO VAZ

Crônica do ex-vice-governador José Luiz Bittencourt, intitulada  EM INHUMAS:  CASA  GETÚLIO VAZ, publicada no jornal DIÁRIO DA  MANHÃ:
 
A  Academia de Letras, Ciências e Artes de Inhumas (Alcai), com apoio dos Poderes Públicos, ganhou uma sede própria e a denominou de Casa Getúlio Vaz. Presidida por Umbelina Frota, recentemente premiada com a Medalha Eli Brasiliense, conferida pela União Brasileira de Escritores, em virtude do seu importante trabalho literário desenvolvido no biênio 2004-05, reúne um grupo de ilustres intelectuais, todos empenhados no estímulo e no permanente incentivo às atividades intelectuais daquela progressista cidade goiana. Essa presidente é mulher de personalidade forte, incansável  lutadora por um mundo melhor, "matriculada na escola da vida, onde o mestre é o tempo",  como dizia Cora Coralina, poeta de muita sensibilidade lírica e de infadigável exercício dos seus deveres de cidadania.
 
De Getúlio Vaz, meu amigo e companheiro de memoráveis caminhos pelo árido terreno da política partidária, tenho a lamentar que não esteja mais conosco pelejando em defesa dos mais puros e legítimos  sentimentos democráticos de nosso povo. Ele foi o poeta das madrugadas de Inhumas, o homem de aparente timidez que se abrigou nas  "sombras das goiabeiras", contou histórias e estórias da gente simples do seu berço natal, fez versos e diversos em poemas hamletianas e, com o seu puro lingüístico, deixou uma obra de textos literários mesclada de singeleza romântica.
 
Elegante no vestir, educado no trato pessoal, hábil no ofício de fazer política, talentoso na arte de falar com precisão e muito carisma, Getúlio Vaz foi um deputado que,  na Assembléia Legislativa do Estado, cumpriu mandatos sucessivos filiados à União Democrática Nacional. Era o partido de Nelo Balestra, de quem fui um constante admirador, o grêmio ideológico onde também se abrigava Otávio Balestra, meu aluno na Faculdade de Direito da Universidade Católica, cuja morte prematura muito me comoveu, pois era um cidadão de extrema fidalguia, exemplo de honradez e de postura cívica.
Meu compadre Antônio Severino de Medeiros, pernambucano-goiano de quem sou amigo há mais de 50 anos, levou-me um dia à presença de Getúlio Vaz e daí por diante formei com os dois um triunvirato de estima pessoal. Parlamentar, trajando impecáveis ternos de tecido inglês, ele sabia corresponder a atenção com a qual todos o distinguiam, destacando-se pela sagacidade de suas atitudes políticas, pela resposta dada à ironia dos adversários das futricas eleitorais e  à teatralidade dos que tentavam alvejá-lo na integridade do caráter nos comícios eleitorais.
 
Na Casa Getúlio Vaz está hoje acolhido Valdemes Menezes, excelente poeta e bom cronista, didático autor de livros infantis, que dá altura e prestígio ao soldalício de Inhumas sob a presidência de Umbelina Frota, dona de uma poesia de sentido muito intimista que encanta por sua espontaneidade na fluência do seu lirismo de mulher apaixonada pela beleza e pela alegria de viver. Também lá estão expressivas figuras da intelectualidade goiana, como Elma Paranhos, João Arantes, Gleidson de Oliveira Moreira, Helena Sebba, Raimundo Rodrigues, Demóstenes Almeida, Theobaldo Costa Jamunda, José Rodrigues de Arruda, Fleury de Oliveira e muitos outros de indiscutível valor.
 
Sobre Inhumas, no mundo da cultura, além de Getúlio Vaz, um de seus principais expoentes, não é possível ignorar o nome de Miguel Jorge, teatrólogo, poeta, cronista, romancista e contista, nome de valor que já transpôs o Paranaíba, atravessou o Rio Grande, chegou ao literal atlântico e viaja agora por outros lugares do planeta. Tanto o poeta de "Madrugada" (Getúlio Vaz) quanto o de "Inhumas, nossa gente" (Miguel Jorge) estão inscritos na história da literatura goiana e ambos merecem a honraria da indispensável citação ou inserção em qualquer de nossas antologias de prosa ou de verso. Os dois têm lugar assegurado na galeria dos homens de letras que sabem navegar nas tranqüilas águas da celebridade, conquistada por seu esforço pessoal e persistente operosidade cultural.
Além do mais, Inhumas tem tradição política. É a cidade dos Brandão, Simões de Lima, Pachecos, Soyer, Essados, Nascimentos, Balestras, Jácomos, Vaz e outras famílias de ativa participação na vida pública estadual. Tem, na presidência da Câmara Municipal, a vereadora Maria José Pacheco, mulher de muito talento, idealista, vigilante defensora dos interesses comuns, eficiente coordenadora dos assuntos da comunidade, competente estudiosa dos problemas relativos ao desenvolvimento de nossa Goiás, enfim mulher de inconfundível perfil humano de quem sempre se espera uma ação de generoso amparo em favor dos que batem à sua porta. Portanto, digna de figurar nos anais da nova crônica política.
 
Devo assinalar a presença de José Essado na história de Inhumas. Ex-deputado e ex-prefeito do importante município, ele se entrega de coração aberto ao serviço da sua coletividade, é incansável na luta pela melhoria constante do panorama econômico-social da sua região, sempre à frente dos que batalham pelo bem-estar e pelas condições de vida do seu povo, não se recusando nunca a servi-lo. Foi um dos mais notáveis administradores municipais das últimas décadas, um homem de bem dos que se destacam pela honestidade e pela vontade de acertar quando em jogo está o interesse público. Assim é a Inhumas da  Academia   de Letras, Ciências e Artes, oficina cultural que  Umbelina Frota dirige com o puro sangue da mulher brasileira, que alteia a sua voz no devoto culto à eterna poesia, louvando o amor e a paixão pela vida.

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