Publicado em 22/03/2006 15:34

O homem na multidão

O artista plástico Nonatto é um cidadão do mundo. Esta afirmação retorna não só a célebre colocação do ator Charles Chaplin sobre a capacidade da arte de ultrapassar todo tipo de fronteira, como também o trabalho do artista mineiro, radicado no Estado de Goiás, como a sua série Portraits, em que fotografias ou desenhos de rostos obrigam a uma reflexão sobre a solidão no mundo contemporâneo que tem como um de seus pontos culturais de partida o nosso “O homem das multidões”, de Edgard Allan Poe.

O artista plástico Nonatto é um cidadão do mundo. Esta afirmação retorna não só a célebre colocação do ator Charles Chaplin sobre a capacidade da arte de ultrapassar todo tipo de fronteira, como também o trabalho do artista mineiro, radicado no Estado de Goiás, como a sua série Portraits, em que fotografias ou desenhos de rostos obrigam a uma reflexão sobre a solidão no mundo contemporâneo que tem como um de seus pontos culturais de partida o nosso “O homem das multidões”, de Edgard Allan Poe.


Nascido em Mntalvânia, MG, em 23 de setembro de 1963, Nonato Coelho, que assina seus trabalhos como Nonatto, considera-se um eterno “estudante de arte”. Aos três anos, foi com a família para Caturaí, GO. Após desenhar espontaneamente, como toda criança, teve contato com o mundo da arte somente aos 18 anos, quando passou a morar em Goiânia-GO, e conhece nomes como Siron Franco e Omar Souto.


Autodidata, sofreu inicialmente influência do pintor ilusionista M. S. Escher, mestre em lidar, de maneira quase matemática, com as possibilidades expressivas das relações forma e fundo: e, nos anos 1980, ao lado de Edney Antunes, o Pincel Atômico, grupo de grafite que, de certo modo, é uma técnica ainda muito presente em seu trabalho.


Na mesma década, Nonatto, com Dipaiva, Djódio e L.Mauro, formou o chamado Grupo de Goiás, que apresentou com sucesso seus trabalhos em São Paulo. O artista teve ainda o privilégio de, em 1985, ser selecionado, entre 2 mil candidatos de todo o País, para participar da exposição itinerante Brasil-Japão, que percorreu as cidades de Tóquio, Osaka, Atami, Rio de Janeiro e São Paulo.


A arte de Nonatto não parou então de se desenvolver. Em 1991, foi um dos ganhadores do Prêmio Viagem a Paris, promovido pela Bienal do Estado de Goiás e, a partir daí, o artista permaneceu numa espécie de ponte aérea entre o mundo e retornos periódicos ao Brasil.


Nesse período, morou no Egito, Israel e Itália, com maior permanência em Rodes e Atenas, na Grécia. Para sobreviver, além de trabalhos mais experimentais e de pesquisa de técnicas, realizou ilustrações de pequenas paisagens de monumentos históricos gregos para serem vendidas a turistas nas bancas de jornal.


Tais trabalhos, porém, não podem ser vistos como obras menores. Eles integram o universo pictórico do artista que se coloca frente ao mundo como um viajante sem fronteiras. Conhecer essas obras de consumo mais fácil é a porta de entrada para mencionada série Portraits, na qual retratos de gente comum são colocados lado a lado em ricos painéis humanos.


Tratra-se de uma arte eminentemente urbana, que retorna o mencionado conto de Poe, no qual um personagem anônimo se perde na multidão. O que o aproxima dos outros é justamente o fato de ser um nada na metrópole. O fato de não ter atrativos diferenciadores, portanto, o torna um ser invisível.


Nonatto presta tributo a pessoas como o artista plástico Waldomiro de Deus, á incentivadora de arte em Goiânia Célia Câmara e ao crítico italiano Lino Cavallari, que acompanham o seu trabalho, marcado pela valorização do desenho de uma visível construção arquitetônica no sentido da existência de um projeto estético e visual.


Elogiado pela historiadora de arte da Universidade de Athenas e membro do Comitê Nacional Grego da Unesco, Athena Schina, Nonatto já realizou exposições individuais em Goiânia, na Grécia  e na Itália, utilizando-se principalmente de técnicas mistas a partir do uso de pastel, óleo, acrílico, esmalte sintético, lápis, colagem e mesmo papel reciclado de envelopes e de cartas recebidas de amigos quando estava fora do Brasil.


Adminirador das imagens mais sombrias do espanhol Goya, o artista concebe a arte como “fluir da sensibilidade coletiva” e, em seus diversos trabalhos, mantém uma coerência. Sabe, como poucos, ser autêntico com a própria obra. Os infinitos rostos que fotografa, pinta, re-trabalha e re-cria são uma expressão próxima do universo do homem das multidões de Poe.


Para Nonatto, o ser humano, imerso na metrópole, busca individualidade em si mesma e a perde no caminhar urbano. As viagens, com suas idas e vindas solitárias, aprofundam esse sentimento de solidão primeira a quem o homem esta condenado. Morre e nasce só, por isso, talvez a sua expressão mais verdadeira e, ao mesmo tempo, mais melancólica e existencialmente rica, seja o retrato 3x4.


Lá cada pessoa é, em princípio, igual aos outros, mas, como mostra o artista mineiro, pode ser totalmente diferente e único se desvendada a sua riqueza interior, algo que Nonatto faz com irreverentes grafites, questionadores sapos e tratos anonimamente individuais das particularidades universais de cada ser humano.

Texto de Oscar D’Ambrosio, jornalista, integra a Associação Internacional de Críticos de Arte(AICA), cedidos-nos gentilmente por Nonatto.


Exposições Individuais

2005 – Exposição “DIALETOS”
Mag Museu de Arte de Goiânia

2003 – Exposição “PROSSOPOGRAFIA”
No Museu “José Nazareno Mimessi” Assis-SP.

2003 – Exposição “RETRATOS”
Galeria do Templo da Boa Vontade Brasília – DF.

2000 – Exposição “PORTRAIT”
Centro Cultural da Prefeitura de Atenas – Grécia.

1999 – Exposição “PORTRAIT”
Galeria IL Punto Bolonha – Itália.

1998 – Exposição “OLHAR MEDITERRÂNEO”
Fundação Jaime Câmara de Goiânia-GO

1997 – Exposição “FEELINGS”
MAC(Museu de Arte Contemporânea) Goiânia-GO

1996 – Exposição “TRAVEL PERFORMANCE”
Fundação Jaime Câmara de Goiânia-GO

1995 – Galeria Marco Pólo
Rodes Grécia.

1994 – “RODES 2.400 ANOS DE INSPIRAÇÃO”
Centro Cultural Municipal de Rodes – Grécia

1993 – EXPOSIÇÃO ORGANIZADA PELA EMBAIXADA BRASILEIRA DE ISRAEL
No Centro Cultural ISRAEL-BRASIL – Telaviv – Israel

1992 – ART GALERY
Rodes – Grécia.

1992 – OLGA REORGANDEA GALLERY
Atenas – Grécia

1985 – ITAÚ GALERIA
Goiânia – GO

Exposições Coletivas


2005 – “ÓPTICA 72”
MAG – Museu de Arte de Goiânia – GO.

2004 – II PRÊMIO CELG DE ARTES PLÁSTICAS
Goiânia – GO.

2004 – POR DENTRO DO MAG
34 anos de Arte – Museu de Arte de Goiânia-GO.

2004 – EXPOSIÇÃO NA GALERIA BRAZILIAN ARTE EXCHANGE
Brasília – DF.

2004 – EXPOSIÇÃO PROMOVIDA PELA GALERIA BRAZILIAN ART EXCHANGE E ESSERMAN INTERNATIONAL
Miami – USA

2001 – III FESTIVAL MULTICULTURAL INTERNACIONAL DE ARTE PROMOVIDA PELA UNESCO
Pireaus – Grécia.

2001 – EXPOSIÇÃO PROMOVIDA PELA “ASSOCIAÇÃO DE ARTISTAS DA GRÉCIA”
Centro Cultural Xalandri Atenas – Grécia.

2000 – EXPOSIÇÃO BAZAAR ZOGRAFIKIS
Galeria Stavios – Atenas – Grécia.

2000 – “TRAJETÓRIAS E PERFIS”
MAC – (Museu de Artes Contemporânea) Goiânia – GO.

1992 – EXPOSIÇÃO NA GALERIA OLGA REORGANDEA
Atenas – Grécia.

1991 – “PINTURA EMERGENTE DE GOIÁS”
MAC – (Museu de Artes Contemporânea) Goiânia – GO.

1991  – “PINTURA EMERGENTE DE GOIÁS”
Galeria Rodrigo Melo Andrade – IBAC(Instituto Brasileiro de Arte e Cultura) – Rio de Janeiro.

1990 – “PRÊMIO VIAGEM A PARIS
2ª Bienal de Artes de Goiás.

1989 – I PRÊMIO NO “LISTEL-TELEGOIÁS”
Salão de seleção para capa de catálogo telefônico Goiânia-GO.

1988 – SELECIONADO PARA A “I BIENAL DE ARTES PLÁSTICAS DE GOIÁS”
Goiânia – GO.

1988 – Iª CRAFFITE SHOW DE GOIÁS
Casa Grande Galeria de Arte Goiânia – GO.

1988 – 2º PRÊMIO NO “9º SALÃO ANAPOLINO DE ARTES”
Anápolis – GO.

1988 – MARATONA “90 HORAS DE PINTURA CONTEMPORÂNEA”
27.09 E 01.10 Park Shopping – Brasília – DF

1988 – FUNDA GRUPO DE GRAFFITE “PINCEL ATÔMICO”
Goiânia – GO

1987 – MARATONA “90 HORAS DE PINTURA CONTEMPORÂNEA”
25 a 29-08 Park Shopping – Brasília – DF.

1987 – EXPOSIÇÃO “LEVANTE CENTRO-OESTE”.
Teatro Nacional de Brasília – DF

1987 – EXPOSIÇÃO “GRUPO GOIÁS”
Centro Cultural de Assunção – São Bernardo do Campo – SP.

1987 – XV SALÃO DE ARTE CONTEMPORÂNEA
Santo André – SP.

1987 – “15 goianos nas artes plásticas”
Museu de Arte de Goiânia.

1986 – SELECIONADO NO “12º SALÃO NACIONAL DE BELO HORIZONTE”
Belo Horizonte – MG.

1986 – SELECIONADO NO “9º SALÃO NACIONAL DE BRASÍLIA” – FUNART
Brasília – DF

1986 – “1º MOVIMENTO ARTÍSTICO DE RIBEIRÃO PRETO”
Premiado com medalha de bronze – Ribeirão Preto – SP.

1986 – “EXPOSIÇÃO” “A GRANDE TELA DO GRUPO DE GÓIAS”
Casa Grande Galeria de Arte – Goiânia – GO.

1985 – EXPOSIÇÃO PROMOVIDA PELA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS
Universidade de Brasília – DF.

1985 – “2º SALÃO NACIONAL DE ARTES PLÁSTICAS DE GOIÂNIA”
Goiânia – GO.

1985 – 3ªº PRÊMIO NO “1ª MÃO”
12º Salão Nacional de Arte Jovem no Centro Cultural Brasil – USA – Santos – SP.

1985 – EXPOSIÇÃO ITINERANTE BRASIL – JAPÃO
Em Tóquio, Osaka, Kioto, Rio de Janeiro e São Paulo Brasil – Japão

1985 – “4 Salão de Arte” FUNDAÇÃO MOKITE OKADA
São Paulo – SP.

1985 – “II PRÊMIO PIRELLI”
Brasília – DF

1984 – “1ª MÃO” XI SALÃO NACIONAL DE ARTE JOVEM
Santos – SP

1983 – SALÃO DE ARTE DO 50º ANIVERSÁRIO DE GOIÂNIA – GO

1982 – PRÊMIO AQUISIÇÃO NO “1º SALÃO NACIONAL DE ARTES PLÁSTICAS DE GOIÂNIA”

1982 – PRÊMIO 1º LUGAR NO “1º SALÃO SEARA”
Rubiataba – GO

1982 – selecionado “1ª mão” 11º SALÃO NACIONAL DE ARTE JOVEM – CENTRO CULTURAL BRASIL USA – SANTOS-SP

1982 – 5º SALÃO NACIONAL DE ARTES PLÁSTICAS”
MAM (Museu de Arte Moderna) Rio de Janeiro - RJ

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